quinta-feira, 16 de setembro de 2010
À meia-noite
Amar pode ser uma grande mentira, pode ser só abstinência. Eu vim andando por essa terra toda, essa poeira brasileira de estrada, é tanto sol e verde e mais poeira que não faz sentido algum perder tempo com o amor. Somos feios demais pra amar, essa troca sem fim de carícias até a pele virar uma crosta, os olhares se cansam, a virília se cansa, e se não tiver todo esse jogo de entrar e sair, amigos também cansam. E é correria demais sobreviver na latrina em que nos botaram pra viver, não existe tempo pro amor! Pelos deuses, não há tempo pra cheiros, não são tempos de beijos! São tempos de cuspes, mais cuspes e escarros pra gente nadar! Não vale a pena entrar nesse filme a essa altura de nós, tanta gente nascendo e arrancando os ossos e assassinando os pais, amar pra quê? Estamos loucos? Estamos pelo menos loucos?
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